quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Discurso de posse - Augusto Vargas (Presidente do Fórum de Secretários de Cultura da Baixada Fluminense)


por Augusto Vargas, sexta, 28 de Outubro de 2011 às 02:22


Antes de falar sobre o Fórum, quero agradecer a Deus pelas oportunidades que tenho tido, ao prefeito Sérgio Sessim pela confiança e o carinho demonstrado no dia a dia do nosso trabalho, e ao apoio irrestrito que venho recebendo de minha família, e de meus amigos, nesses dois anos e meio, à frente da Secretaria de Cultura de Nilópolis.

Agradecer ao Deputado Federal Simão Sessim, pela sensibilidade e o empenho em tudo que se refere às coisas da cultura, e que é, sem dúvida alguma, junto com o prefeito, responsável pelos avanços significativos na implantação de uma nova maneira de se olhar a política cultural em nossa cidade.

Agradecer também, ao companheirismo e o elevado espírito público dos secretários municipais de cultura, membros deste Fórum de Secretários de Cultura da Baixada Fluminense. E convidar o vice presidente do Fórum Andersom Batata Secretário de cultura de Nova Iguaçu e a Secretária Geral Nadia Alvares secretária de Cultura de Seropedica que formam esta primeira presidência eleita de maneira consensual e unânime.

Externar a dimensão da criação deste Fórum não é uma tarefa fácil. Levando-se em conta o que representa a Baixada Fluminense nos mais variados aspectos, cultural, social, humano, econômico e político, nos deparamos com um gigante capaz de definir, desde que saiba a força que possui, os destinos de nosso estado.

Para que isso aconteça, é necessário que aja organização e articulação. Em nosso DNA está presente, como herança de nossos antepassados, o nosso potencial de planejamento e o estado de alerta, o que fez com que a humanidade primitiva não sucumbisse diante dos grandes predadores e de todos os outros perigos. Ao longo do tempo o desenvolvimento cultural nos fez refletir que sempre podemos transformar para melhorar.
Vivemos em uma região com quase 4 milhões de habitantes, com um patrimônio cultural riquíssimo, celeiro de talentos que coloca o Estado do Rio de Janeiro em posição de destaque diante do mundo.

A casa da Fazenda São Bernardino em Nova Iguaçu, a Igreja do Pilar e a Fazenda de São Bento em Duque de Caxias, a igreja matriz de N.S da Conceição em Queimados, a antiga fabrica de tecidos Brasil Industrial em Paracambi, a capela de N.S da Conceição e a igreja de N.S. da Ajuda em Guapimirim, a casa do Embaixador em São João de Meriti, a Capela São Mateus e a Sinagoga Israelita em Nilópolis, a sede da Fazenda do Brejo em Belford Roxo, as sedes das fazendas São Filipe e Dona Eugenia e a chaminé da Fabrica de Materiais de construção Ludolf & Ludolf em Mesquita, a Igreja N.S da da Piedade, o Porto de Estrela em Mage, a estação ferroviária de Japeri, a Universidade Rural e a Fábrica de Seda que deu o nome a Seropédica, a igreja jesuítica de São Francisco Xavier em Itaguaí, são exemplos do engenho de nossos antepassados e retratam a nobreza dessas terras , encravadas, como pedra preciosa, entre o mar e as montanhas fluminenses.

A exuberância da mata atlântica, preservada na Reserva Biológicas do Tinguá e nos Parques Naturais de Nova Iguaçu e Mesquita, o parque nacional da serra dos órgãos em Guapimirim e Mage, e do Gericinó em Nilópolis, impressionam os que enchem os pulmões com o ar puro da Baixada Fluminense.

No campo da imaterialidade podemos citar os terreiros de Umbanda e de Candomblé, que chegam a superar, em número, até mesmo os da cidade de Salvador na Bahia, as Quadrilhas juninas, as Folias de Reis, os tapetes de Corpus Christi, a Festa do Divino, o carnaval, com destaque para os blocos de embalo e as escolas de samba que dão projeção internacional para região, como a Leão de Iguaçu, Inocentes de Belford Roxo, a Grande Rio e a Beija Flor de Nilópolis, varias vezes campeã do carnaval carioca. As manifestações da dança , da música, da capoeira, da literatura, do teatro, das artes plásticas, do artesanato, do cinema destacando o cineasta Marcelo Marão ganhador de diversos prêmios internacionais de animação pelo mundo a fora, são alguns dos muitos exemplos que constatam a importância e o grande potencial cultural da Baixada Fluminense para o estado, para o Brasil e para o mundo.

Lamentavelmente boa parte destes patrimônios se encontram em situação de risco eminente, grande parte por descaso e falta de políticas públicas.

Um grande desafio para este Fórum de Secretários, juntos com seus respectivos Prefeitos, o Estado e a União, é criar mecanismos para redirecionar o rumo do desenvolvimento econômico, aliando a ele, a preservação do patrimônio e o investimento em cultura, o que contribuirá, temos certeza, para desfazer o estigma de região miserável e violenta que a grande mídia ainda nos impõe.

Em reuniões sistemáticas este Fórum se debruçou sobre as diretrizes apontadas em nossas conferências municipais,e traçamos algumas estratégias prioritárias, tais como:

A construção de equipamentos de cultura, de caráter regional, financiados e gerenciados em parceria com a União e Governo do Estado;

Investimentos diretos ou intermediação da Secretaria de Estado de Cultura e do Ministério da Cultura na criação, ampliação e reforma de espaços culturais da região;

Continuidade e ampliação de programas de apoio a cultura para a região;

Criação de contrapartidas obrigatórias das grandes empresas, que fazem uso das leis de renúncia fiscal, para investimentos culturais na Baixada Fluminense e outras regiões do interior do estado.

Realização de programas e projetos municipais, estadual e federal, que tenham como meta, a capacitação e a ampliação da oferta de trabalho e renda de agentes culturais;

Buscar que os investimentos em cultura, do Estado e da União, na Baixada Fluminense sejam de fato, instrumentos de desenvolvimento humano, e para isso é necessário que eles sejam, no mínimo, proporcionais ao recolhimento dos nossos impostos.

Desenvolvimento de ações transversais de combate a miséria e a violência, entendendo sua origem, não atuando somente com ações paliativas, observando que ninguém se torna violento e miserável de uma hora pra outra, iniciando assim um processo, atuando na sua fonte. Essa proposta deve ser em caráter emergencial, levando-se em conta os grandes eventos internacionais que o Estado do RJ receberá, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

Devemos lembrar também, da primeira conquista desse Fórum. Ao provocar o Estado na solicitação de investimos para a região, conseguimos o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cultural dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro (PADEC), parceria da Secretaria de Estado de Cultura com o Ministério da Cultura, e que mesmo tendo sido um investimento de pequeno porte, tem um sentido simbólico bastante relevante, devendo ser olhado como o início de um novo tempo e o resgate de uma dívida contraída por décadas de omissão e descaso.

Por fim, dizer acreditar que através da nossa organização e articulação, este fórum trabalhará muito para que seja realizado o consórcio regional de cultura que ampliará as possibilidades de ações de maneira bastante significativa, permitindo que a população da Baixada Fluminense atinja a cidadania plena, se apropriando definitivamente de seu destino para que possa ser mais feliz, e desta forma nós, atuais gestores, saudaremos uma divida de décadas de desatenção com a honrada região da Baixada Fluminense.

Muito obrigado.


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Um comentário:

  1. Temos uma luta boa pela frente, mas como somos apaixonados teremos muitas conquistas!!! bjo no seu coração minha grande amiga.

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