quarta-feira, 25 de julho de 2012

A história pelo caminho: o Arco Metropolitano e os sítios arqueológicos

O poeta Carlos Drummond de Andrade, mineiro de Itabira, chocou a sua geração ao publicar o poema "No meio do caminho", em 1930: "No meio do caminho tinha uma pedra", assim começa o poema. Uma pedra no caminho, sabemos todos, é uma expressão que denota alguma dificuldade de percurso. Recentemente, porém, "a pedra no meio do caminho" da construção do Arco Metropolitano tem significado a descoberta de uma riqueza arqueológica importantíssima para nossa região: vários sítios arqueológicos tem sido descobertos, superando as expectativas iniciais. Previa-se, num relatório realizado no início das obras, em 2008, a existência de 6 sítios arqueológicos. Atualmente o número de sítios está em 58, e as descobertas realizadas prestam inestimável auxílio para contar a história das regiões onde se localizam estes sítios: Duque de Caxias, Itaguaí, Nova Iguaçu, Japeri e Seropédica.
Sabe-se hoje, devido às descobertas registradas, que o território onde se localizam os sítios arqueológicos foram habitados por índios há aproximadamente 2.000 anos e, posteriormente pelos europeus no período colonial. De fato, foram encontrados cachimbos de cerâmica indígena e outras louças europeias. Os pesquisadores acreditam que esse fato revela que os europeus que aqui chegaram expulsaram os índios e se estabeleceram na mesma terra, muito provavelmente por que era uma terra boa, explica a arquóloga Jandira Neto, coordenadora do projeto. Também foram encontrados relógios solares, bilhas para armazenar azeite e mais cachimbos, alguns com vestígios de fumo, todos trazidos por europeus recém-chegados. Técnicos do IAB (Instituto de Arqueologia Brasileira) já encontraram mais de mil cachimbos, louças chinesas, urnas funerárias da cultura tupi-guarani e sambaquis -depósitos primitivos, formados principalmente por conchas, que apontam para a ocupação humana há 6.000 anos.
Essas descobertas, embora tenham obrigado a uma alteração dos prazos de conclusão da obra, ajudam a lançar luzes sobre a história local, e constituem fontes preciosas para historiadores, antropólogos, arqueólogos e demais ciências afins. O imenso acervo que tem resultado nas descobertas (quase 50 mil peças inteiras ou fragmentos) está armazenado no próprio IAB. No meio do caminho tinha uma pedra... ainda bem!

 Bruno Silva (Diretor de patrimônio histórico e cultural da SECULT)

Fonte consultada: folha de ciências do jornal Folha de São Paulo, 12/04/2012.
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1074963-obra-revela-quase-60-sitios-arqueologicos.shtml

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